
Eu não gosto da Mafalda.
(pausa para a desaprovação das tias do curso de letras)
De algum modo, eu acho mais aceitável uma história de animais falando com humanos do que uma guria de menos de dez anos discutindo Marx.
Duvida? Vamos fazer uma experiência prática. Imagine (a) seu animal de estimação e (b) uma criança de oito anos: pode ser seu sobrinho, enteado, filho bastardo, tanto faz. Agora só é recordar: você provavelmente já pensou o que diria seu animalzinho se pudesse se expressar como uma pessoa, mas nunca cogitou a possibilidade de ver o guri/guria nessa idade falando sobre o Manifesto Comunista.
Mafalda é assim. Tão surreal que não se encaixa no universo infantil. Não dá. Nas tirinhas do Calvin e do Charlie Brown os autores conseguem inserir filosofia naturalmente, mas na Mafalda tudo fica forçado demais. Quino pode até pôr umas metáforas ixpertas como essa, mas o contexto não desce, sacou?