domingo, outubro 01, 2006

Eu fiz minha parte.

Eu era o próximo da fila a votar. Aí passa uma tia na minha frente com um deficiente, ele tinha Síndrome de Down. Ela diz aos mesários:

- É meu filho, e é deficiente. Tem preferência?
- Tem. - responde a mesária. - Mas a senhora não pode induzi-lo a votar em ninguém.
- Tá bom. Só vou observar.

Ele vai votar. Ela fica a uns dois metros de distância. Ele tem um papelzinho na mão. Ela estica o pescoço a cada segundo pra ver se ele vota certo.

Ele: Haan?! Que número é esse?
Ela: (faz discretamente um cinco com a mão)

Um minuto depois, os dois saem felizes. Era minha vez. Supostamente. A mesária chama uma mulher atrás de mim.

- Ué?! Não sou eu?
- Ah, é que seu nome tá no outro caderno e a gente reveza pra poder agilizar o processo. Mas o próximo é você.
- Ah, ok então.

Dois minutos depois a mulher sai da cabine. Tinha votado só pra deputado federal e estadual. Os mesários se contorcem.

-Olha dona, não terminou seu voto não. Tem um caderninho com a lista dos candidatos alí ó. Ainda faltam três.

E depois de folhear, folhear e folhear, ela digita e sai. E aí eu pude votar.

Na hora até fiquei meio feliz pelo garoto deficiente, porque ele saiu com um sorriso no rosto, satisfeito por ter votado, se sentindo útil. Mas foi voto de cabresto, assim como a dona antes de mim. Por isso que a festa da democracia brasileira é ducaralho. Votamos sem saber quem é o candidato.

3 comentários:

Anônimo disse...

Eu fiz a minha parte.
Será???

Soneca disse...

Ah, que beleza é o nordeste...

Anônimo disse...

Tô impressionada como seu blog adquiriu visão política e as porras
heuehueuehe